“... era estrangeiro, e hospedastes-me...” (JESUS
CRISTO)
As imigrações legais e,
principalmente, ilegais tem se tornado o centro das atenções dos países da
Europa e de outros países desenvolvidos
Há quem diga que o mundo vive a maior crise humanitária, o número de deslocados e refugiados já ultrapassam a quantidade de pessoas nessas situações por ocasião da segunda guerra mundial. A estimativa é que hoje existem 60 milhões de pessoas deslocadas violentamente de suas casas por conta de conflitos políticos, étnicos e religiosos. Dessas 60 milhões cerca de 20 milhões tiveram que deixar seu país. Em 2014 a média de pessoas que tiveram que abonar suas casas e viver como estrangeiros foi de quase 42.500 pessoas por dia!
Há quem diga que o mundo vive a maior crise humanitária, o número de deslocados e refugiados já ultrapassam a quantidade de pessoas nessas situações por ocasião da segunda guerra mundial. A estimativa é que hoje existem 60 milhões de pessoas deslocadas violentamente de suas casas por conta de conflitos políticos, étnicos e religiosos. Dessas 60 milhões cerca de 20 milhões tiveram que deixar seu país. Em 2014 a média de pessoas que tiveram que abonar suas casas e viver como estrangeiros foi de quase 42.500 pessoas por dia!
O estudo que se segue faz parte de
uma serie de estudos realizados para discutir a bíblia e a questão da pobreza. Os estrangeiros que vagueiam sem terra, e por
consequência, sem renda, acabam como marginais na sociedade e sobrevivem em condições de total
exclusão.
Que a igreja não feche os olhos para
essa realidade.
ESTRANGEIROS, QUAL TRATAMENTO SEGUNDO
ANTIGO TESTAMENTO.
Os estrangeiros (gentio, não
israelita) não deveriam ser maltratados, nem explorados. Jeová devota-lhes amor
e os hebreus, também, deviam amá-los e cuidar desses estrangeiros. (cf.
Deuteronômio 10.18,19). O argumento divino para que os hebreus agissem assim
era simples: “Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do
Egito.” (DEUTERONÔMIO 10.19).
Na lei judaica, presente em Deuteronômio
27.19, se algum judeu oprimisse algum adventício era amaldiçoado pela própria
lei divina. A sobrevivência digna para o estrangeiro era assegurada por lei, se
não conseguisse sustentar-se não poderia estar reduzido a uma condição de
marginalidade social (cf. Levítico 25.35), as colheitas “nos campos, nas
vindimas e olivais não poderiam ser de todo colhido após o varejamento, deviam
sobrar alguns frutos daquela colheita afim de que os estrangeiros pudessem
respigar alguma coisa deixada[1]”, o fato de os lavradores
deixarem algumas respiga dava ao estrangeiro a oportunidade de juntar alimentos
de uma forma digna e não mendigar.
A pesquisa textual focada no
Pentateuco leva-nos entender outro fator importante: a lei torna iguais,
perante ela, estrangeiros e nativos. “Como o natural, será entre vós o
estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois
estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR, vosso Deus” [2]. (cf. Êxodo 14.29;
Levítico 24.22; Números 9.15; Números 15.16). A discriminação racial não
poderia ocorrer, haja vista a ordenança de Deus em tratar o estrangeiro com
respeito e amor. O hebreu foi advertido por Deus para não perverter os direitos
dos não hebreus. (cf. Deuteronômio 27.19).
Outro
tratamento interessante é que ao realizar algum empréstimo para o estrangeiro
não era permitido a pratica de usura (cf. Levítico 25.35-37), também, este ao
trabalhar deveria receber “seu salario antes do pôr-do-sol” [3].
Jó[4], enquanto questionava
Deus, mostra claramente como um cidadão exemplar, também cuidava dos
estrangeiros: “nunca deixei um estrangeiro dormir na rua; os viajantes sempre
se hospedaram na minha casa.” (Jó 31.32)
Há alguns exemplos de estrangeiros
que tiveram êxito no antigo testamento, a ex-prostituta de Canaã Raabe (Josué
2) , o soldado hitita Urias (1Samuel 11), Rute a moça moabita ( Rute 1-4), Ornã
o jebuseu (1 Crônicas 20), entre outros, deixando claro que os imigrantes, não
formam esquecidos por Deus e nem pela lei.
Nos Salmo 94.1-10 contidos no antigo
testamento os autores em alguns casos clamam por justiça, destacamos um trecho
a seguir:
Ó
SENHOR Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence,
mostra-te resplandecente! Exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá o pago aos
soberbos. Até quando os ímpios, SENHOR, até quando os ímpios saltarão de
prazer? Até quando proferirão e dirão
coisas duras e se gloriarão todos os que praticam a iniquidade? Reduzem a pedaços o teu povo, SENHOR, e
afligem a tua herança. Matam a viúva
e o estrangeiro e ao órfão tiram a vida. E dizem: O SENHOR não o verá; nem
para isso atentará o Deus de Jacó. Atendei, ó brutais dentre o povo; e vós,
loucos, quando sereis sábios? Aquele que fez o ouvido, não ouvirá? E o que
formou o olho, não verá? Aquele que argui as nações, não castigará? E o que dá
ao homem o conhecimento, não saberá? (ARC, GRIFO NOSSO)
Os livros dos profetas também tratam
de questões ligadas aos estrangeiros ora denunciando os hebreus de não
cumprirem a lei divina, extorquindo e colocando os adventícios numa condição
social lastimável, ora dando-lhes esperança mostrando que o Deus de Israel não
se esqueceria dos estrangeiros.
O profeta Isaías, por exemplo, fala
que o estrangeiro não seria discriminado (cf. Isaías 56.3,6). Jeremias fala que
uma das condições para se cumprir uma promessa para os hebreus, estes deviam
cuidar dos estrangeiros (cf. Jeremias 7.1-7), e, ainda em Jeremias, os hebreus
são convocados a executar o direito e a justiça, “... não oprimindo o
estrangeiro...” (Jeremias 22.3). O profeta Zacarias e o profeta Malaquias,
também, clamam contra a opressão imposta a estrangeiros (cf. Zacarias 7.10;
Malaquias 3.5).
O entendimento formado a partir do
antigo testamento no que tange ao estrangeiro, no mínimo deve ser o de
respeito, direito a uma vida digna, emprego não exploratório e que não haja
discriminação para os adventícios existentes.
O cristianismo que adota o antigo
testamento com escritura divinamente inspirada deve estar de olhos abertos e
braço estendido para aqueles que procuram refugio.
Parnaíba
14 de outubro de 2015
[1] Pesquisa realizada no texto “Amara ao
estrangeiro” de Nicolleta Crostti, p.7
[2] Levítico 19.34
[3] Texto de Deuteronômio 24.15 ARA.
[4] Personagem do livro
veterotestamentário que leva o mesmo nome, onde narra a trágica história de um
homem que sofre com o mal, mais por fim tem o seu sofrimento transformado em
bem-aventuranças.
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