Basta olhar ao redor que logo se
percebe um modelo de sociedade onde se concentram muito nas mãos de poucos e
quase nada nas mãos da maioria. O
sistema imposto parece não incomodar o ser humano, dificilmente as dissonâncias
sociais existentes e suas consequências criam, de forma eficaz, um impulso para
a luta por mudanças.
Em Mumbai, Índia, um dos homens
mais ricos do mundo esta construindo a casa mais cara do mundo avaliada em
quase dois bilhões, construída para seis pessoas a casa possuirá vinte e sete
andares, nove elevadores, mais de seiscentos funcionários e heliporto para três
helicópteros. O que chama a atenção é que a casa esta sendo construída onde
havia um orfanato publico e no bairro mais pobre de Mumbai (cerca de 60% da população
é extremamente pobre)[1].
O fato acima citado mostra o
quão inerte e passivo o ser humano fica diante das disparidades existentes. Mas
enquanto aos cristãos, será que agimos e vivemos da mesma forma? Conseguimos de
fato ter algum tipo de sentimento com o sofrimento causado pelo sistema social
que estamos inseridos?
O cristianismo é diferente do
hinduísmo onde o sistema de casta é aceito com naturalidade e a explicação para
as diferenças sociais consiste puramente em determinismo e aceitação da casta
onde se está inserido. Mas alguns cristãos agem como hindus simplesmente
ignoram a situação alheia, como se aquilo fosse sorte predeterminada pela
divindade cristã.
A preocupação e o amor com o
próximo ensinado por Jesus parecem ser ignorados. No evangelho escrito por
Lucas (CAP 10.29-37) Jesus fala com um interprete da lei judaica. O intuito
daquele doutor era testar Jesus, ele pergunta como herdar a vida eterna ao que
é respondido “ Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe:
Respondeste bem; faze isso e viverás.”
Aquele doutor pergunta quem é o
seu próximo, Jesus então conta uma estória: “Descia um homem de Jerusalém para
Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o,
se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo
caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também
um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano
que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E,
aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o
sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele; 35 E, partindo ao outro dia, tirou dois
dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de
mais gastares eu to pagarei, quando voltar”.
Jesus conclui com um
questionamento: “quem destes três parece o próximo daquele que sofreu o
infortúnio?”.
A grande questão é quem é o
“próximo” para aqueles que se dizem cristãos? E por que aceitamos as
consequências do sistema social com tanta passividade? O menor abandonado, o
mendigo, as prostitutas, os dependentes químicos, a pobreza, os abusos, parecem
não incomodar?
Enquanto não encararmos o ser
humano em sua plenitude (corpo, alma e espirito) como nosso próximo e fazer
como Jesus ensinou jamais poderemos nos denominar cristãos.
[1]
Disponível em http://www.tecmundo.com.br/infografico/14376-por-dentro-da-casa-mais-cara-do-mundo-infografico-.htm
, consultado 27/02/13
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