terça-feira, 20 de outubro de 2015

HINDUÍSMO E OS EVANGÉLICOS BRASILEIROS.


  Vivemos numa sociedade injusta.
  Basta olhar ao redor que logo se percebe um modelo de sociedade onde se concentram muito nas mãos de poucos e quase nada nas mãos da maioria.  O sistema imposto parece não incomodar o ser humano, dificilmente as dissonâncias sociais existentes e suas consequências criam, de forma eficaz, um impulso para a luta por mudanças.
  Em Mumbai, Índia, um dos homens mais ricos do mundo esta construindo a casa mais cara do mundo avaliada em quase dois bilhões, construída para seis pessoas a casa possuirá vinte e sete andares, nove elevadores, mais de seiscentos funcionários e heliporto para três helicópteros. O que chama a atenção é que a casa esta sendo construída onde havia um orfanato publico e no bairro mais pobre de Mumbai (cerca de 60% da população é extremamente pobre)[1].
                O fato acima citado mostra o quão inerte e passivo o ser humano fica diante das disparidades existentes. Mas enquanto aos cristãos, será que agimos e vivemos da mesma forma? Conseguimos de fato ter algum tipo de sentimento com o sofrimento causado pelo sistema social que estamos inseridos?
                O cristianismo é diferente do hinduísmo onde o sistema de casta é aceito com naturalidade e a explicação para as diferenças sociais consiste puramente em determinismo e aceitação da casta onde se está inserido. Mas alguns cristãos agem como hindus simplesmente ignoram a situação alheia, como se aquilo fosse sorte predeterminada pela divindade cristã.
                A preocupação e o amor com o próximo ensinado por Jesus parecem ser ignorados. No evangelho escrito por Lucas (CAP 10.29-37) Jesus fala com um interprete da lei judaica. O intuito daquele doutor era testar Jesus, ele pergunta como herdar a vida eterna ao que é respondido “ Que está escrito na lei? Como lês?  E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.”
                Aquele doutor pergunta quem é o seu próximo, Jesus então conta uma estória: “Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele; 35  E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar”.
                Jesus conclui com um questionamento: “quem destes três parece o próximo daquele que sofreu o infortúnio?”.
                A grande questão é quem é o “próximo” para aqueles que se dizem cristãos? E por que aceitamos as consequências do sistema social com tanta passividade? O menor abandonado, o mendigo, as prostitutas, os dependentes químicos, a pobreza, os abusos, parecem não incomodar?
                Enquanto não encararmos o ser humano em sua plenitude (corpo, alma e espirito) como nosso próximo e fazer como Jesus ensinou jamais poderemos nos denominar cristãos.

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