Para guardar o seu coração na Universidade
Por André Filipe
Querido(a) irmã(o) universitário(a),
Eu gostaria de compartilhar com você alguns conselhos que tiramos de nossa
experiência na Universidade, mas também dos anos acompanhando universitários
que, como você, amam Jesus Cristo e desejam guardar firme o coração.
1. Guarde seu corpo: da imoralidade e das drogas
O tempo na Universidade apresentará
oportunidades de autodestruição que, a princípio, parecerão muito mais
atrativas que em outras fases da vida. Uma destas é a imoralidade.
Determinadas festas e amizades farão um grande convite para tornar a sua
sexualidade descartável. Já acompanhei cristãos com as mais extravagantes
experiências sexuais, mas vazios e arrependidos pelo que fizeram do próprio corpo.
Uma outra forma de autodestruição são
as drogas, legalizadas ou não. Uma das cenas mais tristes que vejo
semestralmente próximas aos bares das Universidades são jovens inconscientes
por beberam demais. Infelizmente, já vi jovens chegarem à Universidade sem
terem sequer experimentado cerveja, mas após 3 ou 4 anos, não concluem seu
curso por causa da dependência química e das dívidas por causa delas.
Muitas vezes, o que leva estes jovens
a se entregarem tão facilmente é a tola ingenuidade de que o que o mundo tem a
oferecer é melhor do que a Graça de Cristo. O livro de Provérbios nos traz
algumas advertências sobre este comportamento ingênuo, mostrando que “a falsa
segurança dos tolos os destruirá” (Pv.1.32), que “comerão do fruto da sua conduta
e se fartarão de suas próprias maquinações” (Pv.1.31). Mas conclui com
esperança: “quem me ouvir (a sabedoria de Deus) viverá em segurança” (Pv.1.33).
Lembre-se que seu corpo, além de ser
moradia do Espírito Santo (1 Co 6.19), é também o jardim guardado para o
desfrute dentro no casamento (Ct 4.12).
2. Guarde sua
mente: do abandono da fé ou da irrelevância da fé
Outro grande desafio na Universidade
não vem das amizades nem do estilo de vida, mas de professores que, do alto de
sua arrogância, zombam dos mais de 2.000 anos de pensamento cristão. Não são
poucos os casos de professores e disciplinas que afrontam o cristianismo
declaradamente. Essas pessoas podem levá-lo a crises de fé e até mesmo
ao abandono da fé.
A crise de fé não é necessariamente
ruim, e até pode ser muito produtiva, pois pode tirá-lo de uma religiosidade
para levá-lo à convicção da fé. No entanto, podemos ser facilmente enredados
pelo carisma de professores escarnecedores. Cuidado! Guarde sua mente se
lembrando do que disse João: “…nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o
mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? (…) Quanto a vocês,
cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o
que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no
Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.
Escrevo-lhes estas coisas a respeito daqueles que os querem enganar”
(1Jo.2.21-26). Estas verdades alimentaram a mente de grandes pensadores do
mundo, dos quais todos somos devedores! Não se envergonhe do Evangelho!
No entanto, há um perigo contrário, o
da irrelevância da fé para seus estudos. É o perigo de você relegar seus
pensamentos religiosos para os finais de semana e aceitar tudo o que colocam em
sua mente sem autocrítica durante a semana. Lembre-se que “os céus declaram a
glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Sl.19.1) e,
portanto, não há nenhuma sabedoria neste mundo à parte da sabedoria de Deus e
que “as palavras dos sábios são (…) como pregos bem fixados provenientes do
único Pastor. Cuidado, meu filho; nada acrescente a eles. Não há limites para a
produção de livros, e estudar demais deixa exausto o corpo. Agora que já se
ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos,
porque isso é essencial para o homem” (Pv.12.11-13).
3. Guarde sua carreira: do ativismo ou do paternalismo.
Além destes dois perigos iniciais, há
ainda o perigo de você perder o foco para o qual você está na Universidade e destruir
sua carreira. Há muita coisa com a qual você poderá se envolver na
universidade, como esportes, teatro, política e até mesmo em ministérios de
evangelização na Universidade, como ABU etc. Essas coisas são maravilhosas.
Aproveite o máximo que puder. No entanto, não se esqueça que você está na
faculdade para se preparar para um carreira pela qual você glorificará a Deus!
Não se iluda com o fato de ter
entrado numa boa faculdade e que isso garante um futuro promissor. Você pode
descobrir tarde demais que isso é uma mentira. Você terá que “ralar” como todo
mundo! Por isso, alivie no ativismo próprio da juventude e invista em
sua carreira para a glória de Deus! Aproveite para estagiar nos anos de
faculdade, pois você pode correr o risco de concluir o curso desempregado e sem
nenhuma experiência!
Um segundo perigo a este respeito é
para aqueles que, morando longe dos pais, mas sendo sustentados por eles, se
acostumam com este conforto e buscam prolongá-lo o mais possível, postergando a
independência financeira para continuar uma vida de ociosidade. Lembre-se da
advertência de Paulo: “esforcem-se para (…) trabalhar com as próprias mãos (…)
a fim de que andem decentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de
ninguém” (1 Ts 4.11-12). Deus, em sua graça comum, ajuda “quem cedo madruga”
independente se você é um cristão ou não. Se você for um cristão preguiçoso,
você passará fome!
Um parêntese é preciso ser feito. É
possível que, no período de faculdade, seu coração esteja voltado quase que
irremediavelmente para ministérios de evangelização e serviço à igreja. Avalie
corajosamente o próprio coração. É possível que você esteja fazendo a faculdade
apenas por uma pressão social ou paterna, mas que sua vocação seja mesmo a de
pastor, ou missionário ou outra atividade ministerial. Isso é muito comum. O
conselho que eu dou é para que, o quanto antes, resolva sua identidade
vocacional e abrace com coragem aquilo para o que o Senhor o tem chamado!
4. Guarde sua comunhão: da solidão, do abandono da igreja e do bom uso de seus dons espirituais
Este último tópico diz respeito a um
perigo contrário ao anterior. É possível que você fique tão absorvido pelos
estudos e pelo trabalho, que você se isole do mundo completamente. Você que vem
de uma cidade interiorana para uma metropolitana descobrirá que há algo mais
terrível que as provas finais: os finais de semana solitários na metrópole. A solidão
pode ser agonizante e tão insuportável na cidade grande que tenho visto
tristemente muitos estudantes se entregando à depressão e ao suicídio.
Um outro erro daqueles que vem de
outra cidade é nunca cortar o cordão umbilical. Você não vai gostar do
que vou lhe falar agora: existe uma grande probabilidade de você nunca mais
voltar à sua cidade de origem, e nem àquela igreja que você cresceu e fez
tantos amigos. E, mesmo se você voltar, nada mais será como antes. Você
perceberá que você também não será mais o mesmo que saiu. Quero encorajá-lo a,
pouco a pouco, se desligar de sua igreja de origem e engajar-se numa igreja da
cidade onde você está. Faça amizades na igreja, sirva à igreja, use os dons que
Deus lhe deu na igreja da sua nova cidade. E não apenas isso. Lembre-se de ser
um instrumento de Deus na própria universidade. Eu tenho me surpreendido com o
número de jovens na Universidade que são totalmente ignorantes da fé cristã, e
talvez a sua presença dentro da sala de aula nestes quatro anos seja a única
chance que aquela pessoa terá para conhecer a Cristo. Não perca esta
oportunidade!
Além do mais, abrevie as idas à sua
antiga casa e experimente mais a cidade em que você está morando. O que tenho
visto a este respeito são estudantes que passam todo o seu período de faculdade
divididos, mas quando terminam a faculdade, os seus antigos amigos deram rumo à
vida, e você não fez nenhuma grande amizade na cidade em que está.
Abra seu coração para uma nova igreja
e para boas amizades cristãs. Mesmo que você tenha vivido um tempo especial na
sua cidade anterior, nesta nova cidade Deus pode estar preparando a melhor fase
da sua vida, como foi para mim. No período de faculdade eu vivi meus melhores
tempos com Deus, desenvolvi minhas melhores amizades e encontrei a mulher com
quem me casei.
E é isso o que desejo a você neste
período que passa muito rápido, mas que deixará marcas profundas em você como
nenhuma outra fase da vida, seja se você a levou de forma insensata,
abandonando ao seu Deus, ou se você levou com sabedoria, no Temor do Senhor.
Que o temor do Senhor o acompanhe por
todos os seus dias de universitário!
— André Filipe, casado com Sara, é
bacharel em letras e seminarista presbiteriano. Colabora na plantação de igreja
numa aldeia indígena em São Paulo.
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